O polo aquático ainda é uma modalidade pouco reconhecida no Brasil, tanto que ainda enfrenta certa transição do amadorismo. Muitos podem lembrar de quando o seriado Malhação, lá no início dos anos 2000, levantou a bandeira da modalidade no qual o universo da escola englobava a modalidade aquática praticada pelos personagens Rodrigo (Mário Frias), Touro (Roger Gobeth) e Cabeção (Sérgio Hondjakoff), entre outros sob a tutela do carismático professor Pasqualette (Nuno Leal Maia).
Mesmo com essa exposição midiática, a modalidade não decolou como esperado e conviveu com problemas por um longo período.
Com o último ciclo olímpico e a naturalização de alguns jogadores estrangeiros como o goleiro Soro, o Brasil deu um salto de qualidade no esporte, alcançando sua melhor posição em jogos Olímpicos.
Para contar um pouco mais sobre a modalidade, o personagem desse artigo é o jogador Rudá Franco.
O paulista iniciou sua carreira em 1999 no Clube Jundiaiense (Jundiaí) e hoje é integrante da Seleção Brasileira de Polo Aquático Masculina, que conquistou o oitavo lugar nas Olimpíadas do Rio 2016. Disputou o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2009 em Roma (Itália) e em 2011 em Xangai (China), Medalhista de Bronze nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara (México) em 2011 e na Liga Mundial de 2015, melhor resultado brasileiro da história.
Jogou três temporadas na Liga Espanhola (2008/2009, 2009/2010 e 2015/2016) onde defendeu o Club Deportivo Waterpolo Turia (Valencia) e o Navarra, hoje é atleta profissional do SESI-SP.
Rudá conta para a gente as dificuldades e perspectivas da modalidade, bem como fala um pouco sobre sua intimidade
NC: Por que começou a praticar o esporte e quando decidiu seguir carreira profissional?
Rudá Franco: Bom, comecei por influência do meu pai, de um tio meu e de um irmão mais velho. Meu irmão entrou no polo dois anos antes de mim e me levou. Eu decidi seguir a carreira profissional quando fui para Espanha, em 2008 pela primeira vez. Fiz uns testes em alguns clubes de lá e fechei um contrato e ali decidi seguir a carreira.
NC: Qual a maior dificuldade enfrentada por um jogador de polo aquático?
RF: A grande dificuldade enfrentada pelo jogador de polo é o amadorismo. Muitos clubes ainda são amadores, temos poucos jogos aqui no Brasil, então isso dificulta bastante, porque só treinar não te motiva tanto. O amadorismo da Federação e da própria Confederação também atrapalha um pouco, mas nos últimos anos existe uma evolução muito grande, tanto por parte dos clubes quanto por parte das entidades.
Como é sua rotina de treinos?
RF: Eu treino de 4 a 6 horas por dia, dependendo da fase, em pré temporada chegamos a treinar até 8 horas por dia. Os treinos são em dois períodos, todos os dias da semana: de manhã e a no final da tarde. Aos sábados temos os jogos.
Ídolo no esporte
RF: O Manel Estiarte, espanhol que foi o maior jogador da história do Polo Mundial.
NC: Tem algum outro esporte que acompanhe e goste?
RF: Como todo brasileiro eu acompanho o futebol, não sou fanático. Ano passado comecei a acompanhar a NBA e a NHL. Gosto também de acompanhar a Superliga de Vôlei e as ligas de polo aquático pelo mundo.
Quais são seus hobbies?
Quando dá tempo (risos) gosto de ioga, já faz um tempo que faço. Às vezes eu vou com o pessoal do Sesi jogar vôlei, futebol e basquete. Gosto bastante de ler, também.
NC: O polo aquático evoluiu muito no país, como enxerga essa evolução e quais são as perspectivas para o futuro?
RF: Realmente o polo aquático evoluiu bastante no Brasil, muito também pelo ciclo olímpico que fez muito bem ao país. Ainda acho que aproveitamos menos do que deveria, mas foi um período proveitoso. Perspectivas boas de crescimento, dos clubes melhorarem as condições para os atletas, da Confederação melhorar o esquema dos jogos, a federação colaborar, também. Se todos colaborarem o esporte pode evoluir ainda mais.
NC: Qual seu grande objetivo e sonho?
RF: Eu tinha como grande sonho e objetivo participar dos Jogos Olímpicos, depois que joguei no Rio em 2016 tive que refazer os planos, mas continuo sendo atleta profissional e quero, se possível, jogar mais uma Olimpíada e o Pan Americano em 2019. Mas sonho mesmo é popularizar o esporte no Brasil e levar a modalidade para pessoas que não condições de ter acesso a uma piscina ou serem sócias de algum clube, esse é meu grande sonho.
NC: Metas para esse ano
RF: Continuar treinando forte e conseguir acompanhar o time. Temos Copa São Paulo, Campeonato Paulista, Brasil Open e Liga Nacional. Esses campeonatos temos como meta chegar às finais. Além disso, temos o sul-americano de clubes e o de seleções. É uma meta pessoal retornar a seleção brasileira este ano.