Papo de Coach: os rumos da natação

A natação brasileira passa por um período de mudanças, afinal já estamos na metade do ciclo olímpico e com sensíveis mudanças no cenário político dos desportos aquáticos.
Para abordar alguns temas da natação conversamos com um dos principais especialistas do país, Coach Alex Pussieldi, ex-treinador de natação olímpico (2008-2012), atual comentarista de natação do Grupo Globo, editor chefe do site Best Swimming e blogueiro no Globoesporte.com. Empresário e palestrante costuma a viajar pelo país o e exterior realizando eventos com destaque para a Clínica do Coach.

Nesse papo foram abordados temas como e o panorama da natação brasileira e mundial, além das perspectivas para as próximas competições.

NC: Como você avalia as mudanças politicas na CBDA? É a favor de uma maior participação dos atletas?

Coach: Com as eleições esta semana, esta resposta fica um pouco prejudicada. Porém, a participação dos atletas é excelente. Foi um passo adiante muito expressivo. Ainda acho que deveria haver uma representatividade dos treinadores e também dos árbitros. Na mudança do estatuto da CBDA já conseguimos que clubes e atletas tivessem representatividade, ainda falta as outras duas importantes categorias de nosso esporte estarem também representadas.

NC: Quais são as perspectivas para esse começo de temporada? Cite atletas que podem surpreender?

Coach: Este ano é a metade do ciclo olímpico. Quem quiser brilhar em 2020, vai ter de mostrar a cara em 2018. Este ano aparecem os nomes que estarão em evidência e irão conseguir os maiores resultados em Tóquio. Acho que temos uma geração nova crescendo e minha previsão é uma briga fantástica para o revezamento 4×100 metros nado livre masculino, a prova que acredito em grande performance na Olimpíada.

NC: Como vem a nova safra de nadadores brasileiros?

Somos um país de dimensão continental, temos bons atletas e bons treinadores em todas as apartes do país. Toda temporada conseguimos promover e revelar novos valores. A safra que aí está tem responsabilidade alta, depois de Gustavo-Xuxa, Thiago-Cielo, vamos entrar numa nova onda de valores e resultados.

NC: Perspectivas para as Olimpíadas de Tóquio.

Coach: Hoje, apenas duas provas, uma individual, os 50 metros nado livre com Bruno Fratus e o revezamento 4×100 metros nado livre. Esta é a situação hoje. Temos nomes em plena ascensão e que podem figurar com bons resultados como Brandonn Almeida, Vinicius Lanza e Guilherme Costa. Também acho que nosso revezamento 4×100 medley masculino vai fazer um bom ciclo.

NC: Quais são os grandes nadadores do momento?

Coach: Caeleb Dressel e Adam Peaty no masculino, Katie Ledecky, Katinka Hosszu e Sarah Sjoestrom no feminino. Estes são dominantes. Estão num patamar acima dos adversários. Como ainda faltam dois anos para a Olimpíada vamos ver se teremos nadadores para desafiarem estes cinco que hoje estão bem a frente dos demais.

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Caeleb Dressel

Adam Peaty
Adam Peaty

Katie Ledecky
Katie Ledecky

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Katinka Hosszu

Sarah Sjoestrom
Sarah Sjoestrom

NC: Qual o caminho para a natação brasileira voltar a ter destaque no cenário mundial?

Coach: Organização! A gestão passada da CBDA falhou na gestão do último ciclo olímpico. Os resultados provaram isso, mas além disso uma falta de controle de gastos e muito dinheiro investido de forma equivocada. Agora, temos menos recursos e vamos precisar ter melhor capacidade de gestão. Por incrível que pareça, não é que acabou o sonho, mas voltamos a realidade.

NC: Acredita que um brasileiro possa ser recordista mundial? Qual sua aposta?

Coach: Hoje não. Não temos ninguém neste patamar. Já tivemos vários, mas esta safra ainda precisa melhorar ainda um bocado para tal tipo de desafio.

NC: A natação brasileira poderá ter novos “Cielos” e “thiagos”?

Coach: Com certeza! Vivemos em ciclos, em novas safras e os talentos existem. Precisam ser trabalhados de forma planejada até a alta performance.

NC: Como podemos buscar a evolução também no feminino?

Coach: A natação feminina tem melhorado a cada temporada. Tivemos uma finalista olímpica (Etiene nos 50 livre), uma medalhista nas águas abertas (Poliana 10k), acho que estamos no caminho. Sou contra levarmos atletas sem índice para os Mundiais. Ninguém ganha experiência participando desta ou daquela competição. Quem quiser viajar que faça a marca estabelecida. Não gosto do sistema de cotas, tantos homens, tantas mulheres. Não, eu prefiro os melhores. Se forem todos homens, vão todos homens, se forem todas mulheres, vão todas mulheres. Natação como qualquer esporte de alta performance é basicamente meritocracia.


NC: Como avalia o calendário nacional de competições e o nível delas? Faria algum tipo de mudança?

Coach: A nova gestão da CBDA já fez algumas mudanças e trouxe os Campeonatos Brasileiros de Inverno de volta. isso já foi um grande passo. Ainda faltam muitas coisas, principalmente uma melhor organização. Acho que o momento turbulento que os esportes aquáticos vivenciaram nestes dois últimos anos foram muito desgastante, para todos.

NC: Podemos sonhar com medalhas em Tóquio?
Coach: Sim, como disse acima, os 50 livre de Fratus e o revezamento 4×100 metros nado livre masculino são duas grandes chances de estar no pódio olímpico. E ainda tem as águas abertas, tanto no masculino como no feminino.

Sobre o Autor
Formado em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero e Especialista em Assessoria de Comunicação e Mídias Sociais pela Universidade Anhembi Morumbi, profissional com mais de 10 anos de experiência em comunicação organizacional. Desenvolvimento de atividades como: relacionamento com o público interno, coordenação e estratégias de criação e comercialização de campanhas em mídias sociais, trade marketing e comunicação externa. Know how em gestão de canais, organização de eventos, cerimonial e protocolo, relacionamento com stakeholders, além de coordenação da edição de publicações técnicas. Responsável pela carreira e imagem de atletas de performance e profissionais, além do gerenciamento da comunicação organizacional e marketing de empresas dos ramos de esportes, qualidade de vida, cultura, ensino e entretenimento, atendendo contas como CNA Idiomas e Sutton São Paulo. Atuou como docente convidado do módulo Relações Públicas, Assessoria e Comunicação Interna no curso de pós graduação de Gestão da Comunicação Integrada do Senac. Também ministra palestras sobre temas variados de comunicação.
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